terça-feira, 9 de novembro de 2010

Refletindo na madrugada

Imagine que acabamos de sofrer um acidente aéreo, e estamos numa ilha deserta só você e eu. Estamos lá nós dois morrendo de fome, mas não tem comida. Eu saio para caminhar e encontro um biscoito cream cracker me dando mole no meio do percurso. Eu sei que você está morrendo de fome, e também sei que um biscoito cream cracker sozinho não vai matar a minha, e então, já que não faz diferença mesmo, eu poderia comer sozinha, né? Pois é. Mas aí é que está. Eu sou o tipo de pessoa que divide. Vou quebrar o bicho no meio e te dar metade. Essa sou eu.
Quem me conhece bem sabe o quanto eu sou uma pessoa boa. Eu vou te ouvir se você estiver mal, te aconselhar e te botar pra cima se você precisar de mim. Muitas vezes eu posso até colocar os seus problemas acima dos meus, ainda que a minha situação seja pior que a sua.
Sou aquela pessoa que gosta de ajudar outras, e que pensa "Ai, tadinha, não fala mal dela" se alguém está metendo o pau em quem não conhece tão bem.
Eu juro como às vezes eu queria ser bem filha da puta, sabe? Saber que a coisa tá errada e fazer mesmo assim só porque eu sei que eu posso. Só às vezes. Mas eu não consigo. Porque eu fico pensando no bem-estar de todo mundo.
Só que aí é que tá: e quando EU vou pensar NAS MINHAS necessidades? No que é melhor pra mim? Mesmo que isso seja ruim pro outro. Quando a situação é boa pra mim, ruim pra você, eu vou deixar de fazer o que me traria prazer só pra não te trazer prejuízos. Isso fica num impasse tão grande na minha mente.
Numa mão o pensamento: "mas eu só me fodo sempre, só porque eu sou boazinha"
Enquanto isso na outra: "mas você faz certo, não pode ser que nem os que fazem errado"
O anjo e o demônio dentro da minha cabeça, e nenhum dos dois me ajuda.

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