sábado, 20 de fevereiro de 2010

Entre outras

Se onde você mora os filmes são lançados no cinema com meses de atraso (ou não são lançados) - paciência com a sua cidade.

Se perto da sua casa só tem bar de esquina que toca pagodão, bregão, forrozão (e a maioria da população nem toma cervejão (preferimos Skol)) - paciência com a sua cidade.

Se você tem uma súbita vontade de fazer um bolo colorido, vai no supermercado e não encontra corante - paciência com a sua cidade.

Se você não tem muitas opções pra sair num sábado à noite, porque todos os lugares são iguais e tocam a mesma coisa, com o mesmo povo - paciência com a sua cidade.

Se onde você mora não tem uma ciclovia - paciência com a sua cidade.

Se não neva, e faz muito calor - paciência com a sua cidade.

Se a decoração natalina é horrível - paciência com a sua cidade.




Muita força pra vocês que compartilham desse sentimento.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Meu perfeito namorado (imaginário)

Eu tive um dia péssimo. Comi o pão que o diabo amassou, e nesse exato momento não há nada nesse mundo que possa me fazer feliz.
Meu celular faz o típico som de mensagem recebida, e eu reviro os olhos.
Se for mais uma daquelas porcarias de 'Claro Ideias' eu juro que ligo pro número que for pra reclamar. Que palhaçada.

Era ele. Me perguntando como foi o meu dia. Acho que tô muito mal humorada pra responder. Vou mentir.

'Foi bem. Normal, você sabe.'

Eu sou uma droga de uma mentirosa. Qual o problema em dizer que eu tive um dia de cão? Ele não é meu chefe, ele não trabalha comigo, ele não é a droga de professor que me reprovou por meio ponto e nem muito menos da família dele.
Mudo de ideia e escrevo: 'Péssimo. Preciso de um abraço, uma lata de pringles e muita coca-cola, enquanto assisto Chowder na tv.' Aperto pra enviar.

A resposta me vem quase que de imediato. 'Olha pra baixo'.

Não. Eu não acredito.
Vou até a varanda e olho pra baixo. Dou um tchauzinho e digo 'Sobe logo, seu bobo!'
De repente meu humor mudou. Eu nem lembrava mais o que tava me perturbando minutos atrás. Juro. E eu esqueci o que tinha feito a semana inteira, assim que abri a porta e ele sorriu.

'Te trouxe uma flor, e o abraço que você precisa.'

Preciso falar mais alguma coisa?

Ele olha para a tv e ri de mim quando vê que eu tô assistindo ao Cartoon Network.

'Porque você insiste em gostar desse desenho, hein?'

Essa deve ser a milésima vez que ele me faz essa pergunta. Chowder é um desenho genial, eu preciso dizer. Genial! Não sei porque, mas me fascina. É muito engraçado.
Evito dar a milésima resposta. Só puxo ele pro sofá, e bem, não preciso descrever o resto.

'Você lembra que dia é hoje?'

Eu queria falar pra ele que eu esqueci até o ano que a gente tá. Que eu não sei nem que horas são, e que nada disso importa agora.

'Qual é! Valentine's day. Toda americana como você é, duvido ter esquecido. Vocês mulheres são cheias de frescurinhas quanto à esses dias especiais.'

É MESMO! Valentine's day. Qual é o meu problema? Eu não comprei nada pra ele. Será que tem problema?

'Eu te trouxe uma coisa'.

Tá. Tem muito problema. Agora eu tô ferrada.
Ele sai pra buscar o que ele trouxe no carro, enquanto eu procuro por caneta e papel, ou alguma coisa que eu possa embrulhar e dizer que comprei. Tô me comportando como um cara. CARAS esquecem esse tipo de coisa. Uma garota não. EU não.

Não deu tempo. Já voltou. E eu tô aqui, de mãos abanando. Que legal.
'Fecha os olhos', ele me diz e eu faço. Estendo as mãos e sinto aquela coisa... molhada.

'O nome dele é Alfredo.'

Diante de mim estava o peixinho dourado mais lindo que eu já vi. Mais lindo que o Gigante. Vocês certamente não gostariam de saber o que aconteceu com ele. Mas eu vou contar. Vou contar porque vocês mulheres precisam ser avisada sobre os brutamontes que existem por aí nesse mundo.

Eu ganhei ele num parque de diversões. Minha melhor amiga que me deu, e o nome dele era Gigante, porque ele era bem pequenininho. Sintam a ironia.
Eu estava voltando de viagem, e ao chegar em casa eu encontro a porta aberta. O brutamontes estava lá. Não sei o que eu tinha na cabeça quando dei a chave pra ele.

'Amor, finalmente! Quis aparecer e te fazer uma surpresa. Não tinha nada pra cozinhar, você não tinha dinheiro pra pizza, e eu? Bom, eu tô desempregado, sabe como é. Então eu fritei isso aqui.' - e me estende a bandeja com o MEU Gigante cortado com azeitonas. Coça o saco e diz 'Mas amor, acho muito pequeno pra nós dois. Você se importa se eu comer sozinho?'

Passei a noite na delegacia. Os vizinhos ficaram preocupados com os gritos e resolveram chamar a polícia. Me mandaram pro controle de raiva. Se houve um dia que eu quis matar alguém, certamente foi esse. E o resto da história é bem previsível. Pé na bunda, sem remorso.

E então, o completamente oposto ao brutamontes vem e me entrega o Alfredo. Tem como não amar? Vou confessar que nem liguei muito pro peixe, mas o que ele fez... O que ele fez não tinha preço.

'Não foi por mérito em acertar balões no parque, mas já é alguma coisa.'

Me fala, tem como não amar? Não tem mesmo.

'Eu não tenho nada pra você.' Eu disse mesmo, na cara de pau. Vou mentir?

'Desde que eu sempre tenha você, nunca se preocupe em me dar nada.'

Nem Alfredo, nem Chowder, nem o pacotão de Pringles iam me satisfazer essa noite. Desliguei a televisão, guardei o peixe no antigo aquário (que vejam só, ele havia limpado. Eu nem percebi!), apaguei as luzes e fim.

Dentro da minha cabeça só ecoa um pensamento: isso é muito bom pra ser verdade.



~ Happy Valentine's.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

42

Eu consigo ser doce, e consigo ser azeda. Consigo brincar, e fechar a cara e dizer que não tô mais afim. Posso ser simpática, e você pode me ver depois e pensar: 'Ai meu Deus, quanto abuso!'. Isso é bem normal em todas as pessoas. Todo mundo têm vários lados, certo? Certo, sim! O que acontece que é muitos dos lados que a gente têm não se manifestam.

Sou impulsiva, me apego fácil e me desapego difícil. E no meio disso tudo vem o orgulho. O não querer sair por baixo. Eu já aceitei sair por baixo em certas situações, e não foi o fim do mundo. Não doeu, e eu ainda tenho os meus dois braços.
Mas muitas vezes eu penso que não vou conseguir. Não vou conseguir desapegar, SE eu me apegar. Então, depois disso eu tentei 'controlar'. Da filosofia 'Não se apegue, porque aí você não vai ter que desapegar depois'. Como se isso fosse algo ao alcance do nosso controle.

No começo eu pensei: 'Isso não tá dando certo. É o que eu menos precisava agora. Saia daqui!'. E eu fui me deixando. Me senti como um carretel. Fui até o final, dei corda até onde não dava mais pra ir. E aí parei. E me senti mal. E quis reverter, mas lá estava ele: o apego.
Me senti uma mangueira, que você não consegue enrolar de volta direitinho. Sempre fica desajeitada, jogada num canto do quintal.
E foi aí que veio a luz. E eu pensei: 'eu consigo'. E como boa mudança natural, eu simplesmente compreendi e deixei vir à tona aquele lado 'não estou ligando' da coisa. Quer saber se funcionou?

Esses dias eu me perguntei a mesma coisa. Se era real, se eu tava forçando. Descobri que não. Que apenas o meu ponto de vista tinha mudado, e que eu gostava dele. Desse jeito eu não comprometo nada de mim, e posso cometer aquele tiquinho de maldade que eu sempre achei sacanagem fazer. O que é mais certo: dar o que recebe, ou dar pra receber? É mútuo, egoísta, altruísta?
Sei que vai vir alguém e dizer 'Não entendi nada do seu post'. Tem gente que se identifica quando subjetiva o que eu digo. Basta tomar pra você. Certas coisas a gente não explica linha por linha.
É um jeito legal que eu acho de me abrir pra vocês, usando situações da vida real, sem ter que usar as palavras na real.
Quer resumido? Eu entendi. Eu aceitei, e mudei. O que eu tenho certeza que não é um estado permanente, mas por enquanto é dele que eu preciso.

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

De médico e bobo... (louco é o outro)!

Quem é, quem é?

- Lindo, carinhoso, engraçado, gente boa, prestativo, companheiro, fofo, gentil, bom moço e neurocirurgião. -

Sabe o tipo de pessoa que você diz: 'Melhor que você, só dois de você!'. Pois é. Esse É dois. Mas o outro gêmeo é 'do mal', não gosto dele.

Miguel, Miguel... Quem não queria viver a vida com você. /hihi

Quero só ver quando ele e Lu vão finalmente se beijar. E vai ser mágico, e eu vou chorar. Porque é tudo muito lindo, tudo muito fofo. Jorge não é de naaaada, babacão. Hunf. Peguei um abuso tão fenomenal dele. E não entendo, porque né? É o mesmo! Hahaha Mas muda taaaaaaaanto, que a gente começa a associar como sendo duas pessoas diferentes. A melhor interpretação de gêmeos que o Brasil já viu. Certeza!
Aquela cara amarrada de Jorge ninguém merece mais. Fica logo com Paixão, vá pro Canadá e não volte mais!

Não acredito que eu tô comentando novela. Eu nem assisto novelas desde Porto dos Milagres (e Mulheres Apaixonadas. Não sei o que veio primeiro). Aí veio A Favorita e eu assisti todinha. E agora Viver a Vida, mas é só por causa de Miguel e Luciana, porque o resto ninguém mais vale a pena.

Se existe algum Miguel nesse mundo, por favor MANIFESTE-SE!

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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Quem procura...

...acha! Dá dois dias e é demitida!


Passei um tempão procurando emprego. Distribuí meu currículo em todos os lugares de Natal. Claro, aqueles que eu gostaria de trabalhar. Fui à duas entrevistas de emprego pra ouvir que gostaram muito de mim, que eu me encaixo direitinho no perfil. Depois disso me perguntam qual a minha disponibilidade. Eu, muito confiante e feliz digo: 'O dia inteiro, até as 19h que é quando começam as minhas aulas'. Pra que? Pra ouvir: 'Poxa vida! Infelizmente a gente tá procurando alguém pra preencher o turno até as 22h.'
Foram alguns meses (quer dizer, o ano passado inteiro), até que eu recebo a proposta de cobrir umas aulas do amigo de uma amiga minha, numa escola de inglês que eu vou citar o nome porque eu sou ruim mesmo, e tô pouco me lixando: ALPS.
Vou na maior boa vontade. O menino pergunta se meu inglês é fluente. Eu digo que é, né. Isso não seria problema. Enfim, ele me explicou direitinho como eu devia fazer. Eu, que não tenho nenhuma deficiência nem nada, entendi tudo. A mulher, dona e diretora da escola, em nenhum momento me olhou na cara. Como você tá interessada em contratar uma pessoa e nem olha nos olhos dela? Ah, e o melhor, depois eu fiquei sabendo que ela não me achou sorridente. C'MON! Eu? Não sorridente? Faça-me o favor!
Sem problema algum eu saio de lá, e começo a dar aula na Segunda. Dou aula na Terça. Quando é Terça à noite, eu recebo uma ligação dizendo que uma outra menina vai pegar as aulas, e não eu. Porque ela já tinha dado aula lá, e a mulher preferiu ela.

(Uma linha pra protesto: ELA NEM ME VIU FAZENDO NADA. COMO ELA PODE SIMPLESMENTE PREFERIR OUTRA PESSOA? INJUSTIÇA.)

Enfim, fui 'dispensada' com 2 DIAS de trabalho. Dane-se! CLARO que eu vou lá exigir a miséria de dinheiro que eu tenho direito pelas aulas que eu dei. Vai pagar um lanche no McDonald's.


Já disse no Twitter: Depois o índice de prostituição no país aumenta e a galera não sabe o motivo.

Pelo menos a Roberto Freire contrata sem parar, viu? PELO MENOS.

Quero ver quem é que vai ver o meu potencial. Tô esperando.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

A conta, por favor!

Hoje isso aqui vai ser um bar. Olho pros lados, vejo que está vazio, peço uma cerveja. De repente eu estou sentada em minha própria companhia. Eu me enxergo do outro lado da mesa, olhando nos meus olhos e dizendo 'É isso, Paula. Somos só eu e você. Pode falar'. Agora é o momento que eu devo abrir o meu coração para a única pessoa que me entende por completo. Será?

O que há de errado? O que há de errado? Dá pra me dizer?

Vou te contar como eu me sinto, posso mesmo? É um precipício. Estou sóbria e vou filosofar sobre precipícios.

Em algum momento da sua vida, você deverá se sentir em queda livre. Livre mesmo. Nem o peso da mochila do pára-quedas você sente, porque não existe isso. Você grita o que quiser, e sente o vento rasgando o seu rosto de um jeito deliciosamente duro. Não tem o que explicar, a sensação é demais! E então, quando não poderia ficar melhor, você pára. E é um galho.
Parabéns, você está pendurado em um galho. Deus sabe quantos metros de altura separam você do chão.

E aí?

E aí que anos depois você escorrega do galho e começa a cair de novo. Mas dessa vez você sabe que há galhos. E que não dá pra saber quando eles aparecem, sabe? É mais ou menos assim que funciona. É cair livre e esperar o baque.
Dá pra cair pra sempre? Eu preciso cair pra sempre. Eu quero cair pra sempre. Me sentir assim pra sempre. Não quero galhos. Não gosto de galhos. Me traz outra cerveja?

Deveria estar meio roxo no lugar onde eu bati a primeira vez. Mas não tá não.

Eu tô pirando? Por favor, me diga que eu não sou a única. Me diga que eu não estou sozinha.

E é isso aí. É oficial. Eu tenho problemas. E eu gosto deles.