quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Meu perfeito namorado (imaginário)

Eu tive um dia péssimo. Comi o pão que o diabo amassou, e nesse exato momento não há nada nesse mundo que possa me fazer feliz.
Meu celular faz o típico som de mensagem recebida, e eu reviro os olhos.
Se for mais uma daquelas porcarias de 'Claro Ideias' eu juro que ligo pro número que for pra reclamar. Que palhaçada.

Era ele. Me perguntando como foi o meu dia. Acho que tô muito mal humorada pra responder. Vou mentir.

'Foi bem. Normal, você sabe.'

Eu sou uma droga de uma mentirosa. Qual o problema em dizer que eu tive um dia de cão? Ele não é meu chefe, ele não trabalha comigo, ele não é a droga de professor que me reprovou por meio ponto e nem muito menos da família dele.
Mudo de ideia e escrevo: 'Péssimo. Preciso de um abraço, uma lata de pringles e muita coca-cola, enquanto assisto Chowder na tv.' Aperto pra enviar.

A resposta me vem quase que de imediato. 'Olha pra baixo'.

Não. Eu não acredito.
Vou até a varanda e olho pra baixo. Dou um tchauzinho e digo 'Sobe logo, seu bobo!'
De repente meu humor mudou. Eu nem lembrava mais o que tava me perturbando minutos atrás. Juro. E eu esqueci o que tinha feito a semana inteira, assim que abri a porta e ele sorriu.

'Te trouxe uma flor, e o abraço que você precisa.'

Preciso falar mais alguma coisa?

Ele olha para a tv e ri de mim quando vê que eu tô assistindo ao Cartoon Network.

'Porque você insiste em gostar desse desenho, hein?'

Essa deve ser a milésima vez que ele me faz essa pergunta. Chowder é um desenho genial, eu preciso dizer. Genial! Não sei porque, mas me fascina. É muito engraçado.
Evito dar a milésima resposta. Só puxo ele pro sofá, e bem, não preciso descrever o resto.

'Você lembra que dia é hoje?'

Eu queria falar pra ele que eu esqueci até o ano que a gente tá. Que eu não sei nem que horas são, e que nada disso importa agora.

'Qual é! Valentine's day. Toda americana como você é, duvido ter esquecido. Vocês mulheres são cheias de frescurinhas quanto à esses dias especiais.'

É MESMO! Valentine's day. Qual é o meu problema? Eu não comprei nada pra ele. Será que tem problema?

'Eu te trouxe uma coisa'.

Tá. Tem muito problema. Agora eu tô ferrada.
Ele sai pra buscar o que ele trouxe no carro, enquanto eu procuro por caneta e papel, ou alguma coisa que eu possa embrulhar e dizer que comprei. Tô me comportando como um cara. CARAS esquecem esse tipo de coisa. Uma garota não. EU não.

Não deu tempo. Já voltou. E eu tô aqui, de mãos abanando. Que legal.
'Fecha os olhos', ele me diz e eu faço. Estendo as mãos e sinto aquela coisa... molhada.

'O nome dele é Alfredo.'

Diante de mim estava o peixinho dourado mais lindo que eu já vi. Mais lindo que o Gigante. Vocês certamente não gostariam de saber o que aconteceu com ele. Mas eu vou contar. Vou contar porque vocês mulheres precisam ser avisada sobre os brutamontes que existem por aí nesse mundo.

Eu ganhei ele num parque de diversões. Minha melhor amiga que me deu, e o nome dele era Gigante, porque ele era bem pequenininho. Sintam a ironia.
Eu estava voltando de viagem, e ao chegar em casa eu encontro a porta aberta. O brutamontes estava lá. Não sei o que eu tinha na cabeça quando dei a chave pra ele.

'Amor, finalmente! Quis aparecer e te fazer uma surpresa. Não tinha nada pra cozinhar, você não tinha dinheiro pra pizza, e eu? Bom, eu tô desempregado, sabe como é. Então eu fritei isso aqui.' - e me estende a bandeja com o MEU Gigante cortado com azeitonas. Coça o saco e diz 'Mas amor, acho muito pequeno pra nós dois. Você se importa se eu comer sozinho?'

Passei a noite na delegacia. Os vizinhos ficaram preocupados com os gritos e resolveram chamar a polícia. Me mandaram pro controle de raiva. Se houve um dia que eu quis matar alguém, certamente foi esse. E o resto da história é bem previsível. Pé na bunda, sem remorso.

E então, o completamente oposto ao brutamontes vem e me entrega o Alfredo. Tem como não amar? Vou confessar que nem liguei muito pro peixe, mas o que ele fez... O que ele fez não tinha preço.

'Não foi por mérito em acertar balões no parque, mas já é alguma coisa.'

Me fala, tem como não amar? Não tem mesmo.

'Eu não tenho nada pra você.' Eu disse mesmo, na cara de pau. Vou mentir?

'Desde que eu sempre tenha você, nunca se preocupe em me dar nada.'

Nem Alfredo, nem Chowder, nem o pacotão de Pringles iam me satisfazer essa noite. Desliguei a televisão, guardei o peixe no antigo aquário (que vejam só, ele havia limpado. Eu nem percebi!), apaguei as luzes e fim.

Dentro da minha cabeça só ecoa um pensamento: isso é muito bom pra ser verdade.



~ Happy Valentine's.

2 comentários:

  1. Meu, isso é muito bom pra ser mentira.
    DIZ PRA MIM QUE É VERDADE, DIZ, DIZ, DIZ...

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  2. AWWWWWWWWWWWWN, QUE POST INSPIRADOR *-* Vou criar um cara desses pra você... DJÁ!

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