"A matéria se modifica e se transforma incessantemente. É indispensável preservar os valores espirituais, que são as matrizes para o processamento evolutivo em que te engajas por necessidade imperiosa."
Acredito que a interpretação desse pequeno trecho pode ser meio subjetiva. Muito me interessei ao ler essas poucas palavras, porque achei bonita a explicação do que muita gente entende por 'ser mutável'. A mudança constante a que o ser humano está submetido física e interiormente. Os valores espirituais são tratados como matrizes de processamento evolutivo, e isso me chamou a atenção, porque se você parar pra pensar isso é bem verdade. Os nossos valores fazem de nós quem realmente somos.
Hoje na aula de psicologia (a primeira do semestre) nós fomos tomados por uma série de perguntas em relação ao homem como ser social. Uma determinada hora da discussão, falávamos sobre o homem ser 'corrompido' pelo meio. Se ele nasce puro e se torna influenciado pela sociedade em que convive. E eu pensava: 'Mas isso é muito relativo'. Até porque há várias óticas pelas quais podemos analisar a situação. A influência do ambiente na nossa consciência, de que maneira esse 'corrompimento' vai ocorrer, e se ele vai realmente mudar os tais 'valores espirituais'. O que me levou a pensar que, a matéria pode se modificar e se transformar, mas os valores, diferentes disso, são agregados. Você recebe mais do que modifica. Apesar das opiniões também serem mutáveis, o conhecimento é algo que mais acrescenta do que se transforma num indivíduo. Essas análises parecem tão confusas, mas a gente acaba compreendendo da melhor maneira que conseguimos, no final das contas.
Esse final de semana, eu participei de um Congresso Espírita que aconteceu aqui, lá no Centro de Convenções. Eu nunca fui uma pessoa muito religiosa. Fui criada num ambiente, em tese, Católico, mas nunca fui muito de ir à missa. Na verdade, nunca fomos. Tem gente que vai à missa todo Domingo. Nós não. Apesar de eu ter crescido num Colégio Católico, e ter tido uma certa influência com relação à escolha da minha religião, eu sempre pensei nisso como sendo muito mais pessoal do que aparenta ser. Eu sou curiosa pra descobrir coisas novas, doutrinas diferentes, as mais diversas maneiras de agir. E acredito que é muito melhor pra mim unir qualidades que eu acredito ser condizentes com as minhas ideologias. Aproveitar o que cada uma tem a me oferecer, e em quê isso vai me ajudar a ser uma pessoa melhor.
Não gosto de julgar as pessoas pelas suas crenças. De fato, acho isso muito errado. Não gosto também de impor crenças a ninguém, acho isso mais errado ainda. A palavra que deveria circular e ser refletida na conduta de todo mundo deveria ser respeito. Isso não acontece muito, o que é uma pena.
No mais, só pra esclarecer a quem está lendo esse post (que não tem meio termo, ou tá chato ou tá interessante), eu prefiro pensar como sendo espiritual (não Espírita, cuidado!) ao invés de rotular minhas crenças baseada em qualquer religião. Bom, pelo menos por agora.
Voltando a falar sobre o Congresso, eu achei bem interessante mesmo. O espiritismo é muito aberto a certos pensamentos que, por exemplo, o catolicismo condena. Esse é um dos motivos pelos quais me interessei pelo assunto. Explicações sobre vínculos compensatórios, neurolinguística, mediunidade, e afins. É interessante ver que a ciência está bem mais presente, tanto é que a física quântica explica muita coisa. As vibrações da energia do pensamento, por exemplo, e como ele é capaz de afetar o modo de vida, as ações e os resultados. *SIM, eu assisti a uma palestra sobre física quântica e achei interessante!* Milagres acontecem, pessoal.
Enfim, isso era algo que eu precisava compartilhar. Finalmente senti a necessidade de escrever alguma coisa.
Como diriam os palestrantes ao final de suas palestras: muita paz!
mudanças e paz... nada mais que interessante.
ResponderExcluirPaula,
ResponderExcluirTentei resistir e não fazer um comentário - não deu!
Sou psicóloga, sou atéia (por mais que prefira à toa) e adoro Marcelo Gleiser. Let’s go!
Você falou no ser mutável e na psicologia; hoje quando estudamos personalidade, consideramos duas coisas: temperamento e caráter. Esses dois ingredientes formam nossa personalidade - enquanto o temperamento é inato (herança genética), o caráter é desenvolvido, aprendido; isso quer dizer que parte de nós independe do meio, mas parte aprende e até muda com ele, então dá sim para ser corrompido se você tiver um temperamento que permita isso.
Suas aulas de Psicologia provavelmente não caminharão por aí: professores preferem reproduzir Freud, Skinner, e outros tantos do começo do século passado e não se atualizam.
Religião: precisamos dela? Sim, sim, sim!!!
Não sei o que seria da humanidade se não tivéssemos desenvolvido tantas formas de crenças. O livro “A Assustadora história da maldade” mostra exatamente que a crença num ser supremo, tornou possível a construção de uma sociedade desenvolvida. Foi exatamente isso que nos ensinou a ter regras e segui-las.
Viva o homem, viva Deus, viva Darwin!!!
Adoro Darwin, adoro lembrar que sou tão bicho como meus cães! Acho que por isso não creio em Deus, não rezo, não vou a missas; Leiloca e Chico também não!
Com a evolução desenvolvemos um cérebro capaz de realizar funções muito mais complexas, tanto que aprendemos a falar (em vários idiomas inclusive), pensar e ser curiosos - insatisfeitos: testamos, inventamos coisas - fizemos ciência! É aí que entra Marcelo Gleser; já ouviu falar nele? Devia! Além de físico, o cara é bonito pacas!
Seja em suas palestras, seja em seu livro - A dança do Universo, Gleiser, mostra como foi que a ciência se constituiu e se distanciou da religião, que esses dois segmentos são coisas distintas, com propostas também distintas e o mais importante, elas não competem entre si – ou pelo menos não deveriam. Ele mostra como a Física pode ser bela e poética; aliás, o curso que ele desenvolveu chama-se "Física para poetas". Isso porque fala da magia das coisas sem atribuir o tom espiritual o que quero falar é que não entendo por que os religiosos se incomodam tanto com a ciência ou então querem agregá-las em suas teorias e crenças! E aí volto ao seu post: quem foi que disse que física quântica tem religiosidade em si? Por que alguns segmentos do espiritismo estão indo nessa direção?
Foi graças à física quântica que pudemos construir uma máquina de raio x, uma usina nuclear e um iphone e o que há de divino nisso? Para mim nada!
Qual o problema de sermos um "amontoado complexo de carbono"?
Se somos carbono, somos constituídos do mesmo material de uma estrela; daí a história dele dizer que somos feitos de "poeira das estrelas": poesia pura!
O lado angustiante disso é que sob essa perspectiva, não sobra espaço às idéias de vida eterna, ou reencarnação que, na minha opinião são um conforto para muita gente – principalmente para quem teme a morte. Por isso ainda precisamos da religião: alguém (instituição) precisa acolher os que não suportam a possibilidade de ser um mamífero sem alma. Gosto da hipótese de que um dia vou morrer e meu corpo vai continuar integrado ao universo como um carbono em transformação, gerando outras possibilidades de vida. Se para muitos isso é angustiante, para mim é libertador: não tem um mistério a ser desvendado, uma missão a ser cumprida ou uma alma para evoluir. A vida é isso que a gente vê todo dia mesmo; e não te parece o suficiente? Precisa mais?
Por fim acho que você acertou no ponto com a idéia de que não importa a crença das pessoas, o que importa é o respeito, co-existência, a aceitação. E nessa minha vida de atéia vejo que não acreditar em Deus incomoda muito – é impressionante a quantidade de pessoas que tentam nos converter a alguma coisa, enquanto eu fico no meu canto admirando as infinitas possibilidades de crenças e ensaiando visitar uma mesquita ou um ritual de candomblé – mas tem que ser em Salvador, senão não tem graça!!!
É isso.
Beijo grande!!!