São 4 horas da manhã e eu não consigo dormir. Não sei se é certo considerar insônia quando isso já tornou-se um hábito. Durmo tarde, acordo tarde. Pra vocês terem uma breve ideia de como tem sido a minha rotina, vou compartilhar: minha mãe e meu irmão chegam em casa na hora do almoço. Nicko late; Edil e minha mãe brigam sobre as notas dele no colégio; Edil discute com Maria; Nicko late; minha mãe briga com meu irmão; meu irmão bate a porta com força; Nicko late; minha mãe abre a porta do meu quarto e diz: 'vai almoçar?' e fecha antes que eu diga que não. Eu escuto tudo, semi-acordada, com uma preguiça além da conta de me levantar e beber um copo d'água que seja. Durmo até as 3 da tarde.
Acordo já pensando se vou fazer miojo, ou se espero minha mãe chegar novamente em casa trazendo pão fresco da padaria. Muitas vezes escolho a segunda opção, simplesmente por ser mais fácil. Levanto, pego meu café e vou direto pro computador do escritório. Nicko se espreguiça em mim, eu digo 'Oi, lindo', e a gente brinca rapidinho. Olho meu twitter, orkut, mas não entro no msn. Aprendi que as pessoas não estão online às 3 da tarde. Quem faz alguma coisa importante de manhã, aproveita algum tempo livre da tarde e tira um cochilo. Ou estuda. Ou faz qualquer outra coisa digna de se chamar 'atividade'. É inútil entrar no msn, então eu simplesmente fico encarando a tela do pc pré-histórico, muitas vezes xingando e lembrando os bons tempos antes do problema com a placa mãe do meu notebook.
Quando eu tenho saco, deito no sofá e vou ver a gravação do capítulo da novela da noite anterior. Acelero todas as partes que Marcos ou Sandrinha aparecem. Minha mãe chega em casa, traz o pão. Geralmente eu ainda estou com a caneca de café nas mãos, então pego um pão e pronto. Dá a hora de sair com Nicko, e eu muito alegremente vou passear na praça. A gente anda, e toda vez paro na casa da esquina e fico babando o casal de Golden Retriever que late feliz pra gente.
Às vezes, eu leio uns textos da faculdade quando chego em casa. Ou antes de sair. Mas, vou admitir que tem uma pilha de folha de Teoria da Comunicação que eu nunca nem cheguei perto. Nem pretendo, se vocês querem saber. E se vocês pagassem essa matéria, saberiam exatamente do que eu estou falando.
Fico enrolando no computador, desenho, vejo o Google, leio algumas notícias, posto no meu Twitter. Finalmente, entro no msn. Continua sendo inútil, já que sempre entro faltando pouquíssimo tempo pra sair, e não dá tempo de falar muita coisa com ninguém. Me arrumo apressada pra ir pra faculdade, e apesar do trânsito, na maioria das vezes eu chego a tempo, sem grandes atrasos.
Segundas e Quartas eu passo o segundo horário desejando estar em outra dimensão. Hora altamente oportuna para eu aperfeiçoar meus desenhos. Já deve ter umas 5 páginas do meu caderno dedicadas à eles. Ninguém merece Língua Portuguesa, já cansei de comentar isso por aqui.
Volto pra casa, como alguma coisa, brinco com Nicko, vejo um pouco de qualquer coisa na tv da sala, minha mãe pergunta se meu irmão já arrumou a bolsa. Ele sempre diz que 'ainda não'. De volta ao computador (e novamente lutando contra a lerdeza dele!) eu converso com gente que não queria que tivesse longe de mim. Tenho saudades, e faço planos. Fica por isso mesmo até altas horas da madrugada, quando resolvo sair e vou ler. Pego qualquer que seja o livro que eu esteja lendo ("O Analista" - John Katzenbach) e só paro quando meus olhos começam a pesar e meu corpo não aguenta mais a mesma posição. Desligo as luzes e mudo de canal umas trezentas vezes. Paro no Animal Planet sempre que passa alguma coisa sobre os Orangotangos, ou Hospital Veterinário. Cartoon de madrugada só passa Pica-Pau, e não dá pra engolir aquela risadinha nessa hora. Mudo pro Discovery Home & Health e fico assistindo qualquer coisa familiar, culinária, tanto faz. Olho pela cortina e vejo que está amanhecendo. Resolvo dormir.
Mil e quinhentos xixis depois, eu adormeço.
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Isso é um ciclo. No outro dia a mesma coisa vai acontecer, talvez com poucas modificações. É sempre igual, sempre assim. E hoje - agora há pouco, na verdade - eu percebi que ESSE é o problema. Esse é o meu problema. O que está atrapalhando a minha vida.
Enquanto eu me remexia na cama, aguentando a dor insuportável no meu pescoço, eu percebi: NÃO TENHO UM PROPÓSITO.
Isso me deu medo. Muito medo. Eu não tenho um motivo. Eu não acordo mais de manhã e penso 'vou fazer isso', sabe? PERDI a noção das coisas. Não tenho nada que me prenda às rotinas, aos trabalhos, ao importante. Eu não faço mais nada. E isso me incomoda profundamente.
Pensando nisso, eu não consegui mais dormir. Já são 4 e meia da manhã, tem um monte de passarinho cantando pela rua, o céu ficando claro, e eu aqui, desabafando sobre como eu descobri que não tenho mais motivação dentro de mim. Gente, eu me perdi. Alguém tem noção de quão preocupante é isso? Sério, eu estou desesperada.
Não culpem a internet, ou o meu tempo passado nela. Não é essa a questão. Nunca foi, já que antes eu conseguia conciliar tudo. Não é a internet que me prende. Na verdade, NEM ELA me prende a ponto de ser motivo de discórdia psicológica dessa minha falta de 'ser/fazer/estar'.
Nas férias eu acordava cedo, ia surfar, voltava, lia, tocava violão; eu tinha uma banda, eu ansiava pelos ensaios; eu dava aulas, me preparava, achava graça, recebia um pagamento. E agora? O que eu tenho? Não surfo mais desde que minha prancha quebrou. Não tenho mais banda, não tenho um emprego.
O que eu tenho? O que eu faço? Do que eu preciso?
Preciso de uma solução. Eu vou achar, não se preocupem. Vou consertar essa bagunça.
Não sei, talvez não seja tão grave, e eu estou sendo melodramática, e agora todo mundo vai pensar que eu tenho um grande problema. Não vou apagar esse post depois de tanto tempo que levei para completá-lo. Amanhã (ou mais tarde) eu vou acordar, e ler isso tudo, e pensar 'É verdade, Paula. MEXA-SE!'
Muita gente não consegue entender o motivo de eu aguentar dormir até tão tarde. Simples! Meus sonhos são muito legais. E eu cheguei ao ponto de muitas vezes preferir dormir a ter que estar acordada fazendo nada. Isso é deprimente. Existe uma voz dentro de mim que grita: 'PAULA, VÁ VIVER!'. Melhor, mais agitadamente, com alguma coisa em mente. Eu tava pensando, qual o meu objetivo? Eu não tenho mais um objetivo desde quando? Por isso eu preciso de algo novo e diferente. É por isso que eu falo em sair daqui.
Olha, eu não quero que ninguém me entenda mal. Tô pensando que vão ler esse post e pensar 'essa menina tá deprimida, tá doente, pelamordedeus!'. Eu sou feliz, existem outras coisas que me fazem feliz, e eu me gosto bastante, não há motivo para pânico!
Pode estar sendo um exagero da minha parte. Talvez seja, talvez não, talvez mais ou menos.
Minha rotina é quase a mesma, só que sem o cachorro e dormindo e acordando 2h mais cedo :x
ResponderExcluirEu também to me sentindo super perdida, to com vontade de trancar a faculdade, viajar bastante, amenizar essa vontade absurda de sair dessa cidade e depois voltar, terminar o curso e decidir pra onde eu vou =/ só que minha mãe me mata se eu disser isso pra ela.
Uma vez, semestre passado, postei algo mais ou menos parecido n'Oaconchego e quase todo mundo que comentava dizia que passa/passou por aquilo. Deve ser uma fase, é o começo de curso, sei lá. Mas deve passar, espero :)
ResponderExcluir"Eu não acordo mais de manhã e penso 'vou fazer isso', sabe? PERDI a noção das coisas. Não tenho nada que me prenda às rotinas, aos trabalhos, ao importante. Eu não faço mais nada. E isso me incomoda profundamente."
ResponderExcluirOK. Agora confesse que vc INVADIU MINHA MENTE e roubou minhas idéias pra postar aquii. ASSUMA PAULA LAURENTINO. pq é EXATAMENTE DESSE JEITO que eu tô me sentindo. tb tô completamente perdida e isso não significa que eu vá me matar amanhaã (viu como eu te entendo) mas que tá dando agonia... ah tá! Pois é. se descobrir a solução... me diga! tb tô precisando :*